No começo dos anos 30, Noel Rosa percorria a cidade do Rio a bordo do seu Chevrolet dois cilindros, cor de azeitona, apelidado Pavão. Com sua música foi além, fazendo com que o samba atravessasse e mostrasse a geografia carioca. A obra fala de uma originalíssima poesia urbana, da música que nasceu do cotidiano das ruas, das coisas simples, do morro e do asfalto – dos encontros de todas as esquinas, de todos os tipos, dos conhecidos e anônimos mestres da cultura popular. Um Rio de Janeiro múltiplo, que revive o passado e se reflete no presente com a mesma doçura e ilusão. Noel é, ainda hoje, cem anos depois de seu nascimento no bairro de Vila Isabel, o grande poeta de uma “cidade que ninguém resiste, na beleza triste de um samba-canção”.