Black Rio nos anos 70: A Grande África Soul
Rio de Janeiro: Editora Numa, 2022
Os gritos dos movimentos estadunidenses, em prol dos direitos civis e antirracistas, ecoavam fortemente nos subúrbios cariocas no decorrer dos anos 1970. Milhares de jovens negros-mestiços, oriundos das periferias da cidade, transformavam seus corpos dançantes em veículo para ressignificar, na prática, sentimentos de pertencimento, uma nova percepção insurgente de sua autoestima e afirmação do orgulho negro.
“Os inúmeros bailes black e suas equipes de som – mais de 300 – se espraiavam massivamente pelos bairros operários da Zona Norte, Oeste, Baixada Fluminense, Niterói e Grande Rio e eram o meio onde ideias libertárias pululavam nas “cabeças feitas” de blacks ou browns, tal como essa juventude se autoproclamava.
Andre Diniz, historiador, geógrafo e arguto pesquisador, revela com minúcias como este fenômeno de massa, absolutamente espontâneo, repercutiu amplamente para além da cultura carioca, mas em âmbito nacional. E ainda, contextualiza o Movimento Black Rio como parte de um circuito pan-africanista transnacional experimentado, à mesma época, em todas as partes do mundo onde as culturas africanas deitaram as suas raízes.”
Zé Octavio Sebadelhe
– Jornalista e escritor, autor de 1976 – Movimento Black Rio.